A tarde era imensa sombra debaixo dos caquizeiros
No abandono o menino fazia planos
De repente chusma de borboletas azuis e duas amarelas
Eufórico e afônico
o menino gritava pra ninguém:
Ali elas, ali elas...
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Eu
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Gravidade
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Dolente
Mugiu, mugiu
Berrou, gemeu, bramiu
e a tarde caiu no breu
Mugido do boi na grota dói
meu coração doeu
Na mão do pai o adeus
Amor de mãe nos olhos meus
Um dia eu volto meu boi
Quando, só sabe Deus
O mundo é vasto
Pasto à revelia
O tempo gasto não se arreia
Desbasto à foice a solidão
Se viver é pastar eu pasto
até não mais restar sangue na veia
Berrou, gemeu, bramiu
e a tarde caiu no breu
Mugido do boi na grota dói
meu coração doeu
Na mão do pai o adeus
Amor de mãe nos olhos meus
Um dia eu volto meu boi
Quando, só sabe Deus
O mundo é vasto
Pasto à revelia
O tempo gasto não se arreia
Desbasto à foice a solidão
Se viver é pastar eu pasto
até não mais restar sangue na veia
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Catavento
A tarde escarlate
Seda azul
Estrela da sorte
Esmalte da noite no céu de junho
Redemunho de versos
no canteiro das flores
As cores se abrindo
no catavento do tempo
O tempo girando
no caderno do dia
O dia comendo páginas
no cataclismo das horas
As horas morrendo na boca da noite
A noite caindo no vértice da tarde
tudo parte sem dó
meu coração sem rumo.
foto Diego Zanotti |
Seda azul
Estrela da sorte
Esmalte da noite no céu de junho
Redemunho de versos
no canteiro das flores
As cores se abrindo
no catavento do tempo
O tempo girando
no caderno do dia
O dia comendo páginas
no cataclismo das horas
As horas morrendo na boca da noite
A noite caindo no vértice da tarde
tudo parte sem dó
meu coração sem rumo.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Rua
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Coração Dim Dom
Um sonho
uma festa
velas e candelabros numa noite de novembro
candeeiro aceso meu coração dim-dom
piano suave soturno embalando taças
da mesa à boca
da boca à mesa
da mesa ao universo perdido em idéias
o vinho girando a cabeça embriagada de sua presença
o cheiro de pele lavada a sabonete
a lua doida redonda
belas luas nuas andando pela casa
o olhar bandido atravessando a sala triste
as portas escancaradas
e a vidraça do meu peito estilhaçada
o abrigo incerto das mãos de unhas retas
pés impecáveis a pisar o tapete e o meu coração dim-dom
num bordão dizendo vem
e eu em falsete gritando não.
uma festa
velas e candelabros numa noite de novembro
candeeiro aceso meu coração dim-dom
piano suave soturno embalando taças
da mesa à boca
da boca à mesa
da mesa ao universo perdido em idéias
o vinho girando a cabeça embriagada de sua presença
o cheiro de pele lavada a sabonete
a lua doida redonda
belas luas nuas andando pela casa
o olhar bandido atravessando a sala triste
as portas escancaradas
e a vidraça do meu peito estilhaçada
o abrigo incerto das mãos de unhas retas
pés impecáveis a pisar o tapete e o meu coração dim-dom
num bordão dizendo vem
e eu em falsete gritando não.
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Madrugada
Quem foi
que fez a lua tão cheia
e no silêncio pôs fogo na barra do dia?
Mistérios
galos despertam quintais
além dos muros e depois
acordam corações
despertam em mim muito mais
do que simples canções
Vela a estrela insone
alta no meu pensamento
e a madrugada quieta se faz
em tramas de sombra e luz
Quem foi
que acendeu os ipês
que fez da vida o que fez
e de mim o que quis?
que fez a lua tão cheia
e no silêncio pôs fogo na barra do dia?
Mistérios
galos despertam quintais
além dos muros e depois
acordam corações
despertam em mim muito mais
do que simples canções
Vela a estrela insone
alta no meu pensamento
e a madrugada quieta se faz
em tramas de sombra e luz
Quem foi
que acendeu os ipês
que fez da vida o que fez
e de mim o que quis?
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Lamento
Morena má
Morena cigana
Não faz isso comigo morena
Meu coração é de pena
Pequeno de dar dó
Não é de palha nem de paina
É pequeno morena
E não cabe ingratidão
Morena má não me iluda
Não revele essa boca ponguda
Meu coração não é de pedra
Nem é de pó
É de dar pena morena
É de dar dó.
Morena cigana
Não faz isso comigo morena
Meu coração é de pena
Pequeno de dar dó
Não é de palha nem de paina
É pequeno morena
E não cabe ingratidão
Morena má não me iluda
Não revele essa boca ponguda
Meu coração não é de pedra
Nem é de pó
É de dar pena morena
É de dar dó.
quarta-feira, 5 de maio de 2010
Destino
Eu vi o Bem e o Mal se beijando numa noite de eclipse total. Não traziam cartas na manga, nem rosa branca na mão. Nem punhal. O Bem não quis matar o mal pela raiz. O Mal nem se importava, se no final, o Bem fosse feliz. O Bem com suas poesias. O Mal com suas prosas. Atracaram-se impávidos.
O Bem com suas luzes. O Mal com seus fantasmas. O Bem não aspirava em ser rei, nem o mal cogitava em governar. Entregaram-se. Como dois amantes naquela noite insana, trocaram olhares e carícias na ânsia de se completar. Riram e falaram besteira até o dia clarear.
De manhãzinha, embevecidos de amor, encontraram com a inveja que vinha a cavalo da bebedeira. E também com uma virtude que saía para rezar. Ouviram risos, cochichos, grito de protesto: _isso é um caso infame, impossível de aceitar.
Então, aturdidos recolheram suas roupas. Fugiram nus. Envergonhados em meio a neblina daquela manhã fria. Nunca mais conversaram. E tudo voltou como era sempre, como era certo. Cada qual no seu lugar.
O Bem com suas luzes. O Mal com seus fantasmas. O Bem não aspirava em ser rei, nem o mal cogitava em governar. Entregaram-se. Como dois amantes naquela noite insana, trocaram olhares e carícias na ânsia de se completar. Riram e falaram besteira até o dia clarear.
De manhãzinha, embevecidos de amor, encontraram com a inveja que vinha a cavalo da bebedeira. E também com uma virtude que saía para rezar. Ouviram risos, cochichos, grito de protesto: _isso é um caso infame, impossível de aceitar.
Então, aturdidos recolheram suas roupas. Fugiram nus. Envergonhados em meio a neblina daquela manhã fria. Nunca mais conversaram. E tudo voltou como era sempre, como era certo. Cada qual no seu lugar.
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Passageira
dançando no vento - Martha Barros
Ah, vida ligeira!
rola no tempo,
água sem prumo,
cachoeira.
Ah, vida ligeira!
vai como o vento,
água sem rumo,
rio sem beira.
Zaz de copo d'agua,
triz de brincadeira,
a vida passa correndo,
êta vida passageira.
Po isso quero mais mimo,
quero asas e arrimo,
quero a polpa e o sumo
se não sei do meu destino.
Quero verso e reverso,
sextas, sábados, domingos.
Um amor só pra consumo,
dos dias longos e lindos.
Pois cansada a vida para,
rio vira represa,
onde navegam lembranças,
repousam esperanças,
e naufragam-se certezas.
O que cabe no pensamento
O pensamento revira o tempo,
revira tudo o que passou.
O que não cabe no pensamento, é esquecimento,
vida que não vingou.
(galeriaaberta.com/eduardo patarrão)
revira tudo o que passou.
O que não cabe no pensamento, é esquecimento,
vida que não vingou.
(galeriaaberta.com/eduardo patarrão)
Motivo
(fonte inspiradora: Cecília Meireles)
A canção aflita me acena
com suas asas esbodegadas.
Por isso canto,
porque ilusão também é vida
e nada que existe me completa.
Canto porque o instante necessita
e sou tão alegre quanto triste.
Serei poeta?
A canção aflita me acena
com suas asas esbodegadas.
Por isso canto,
porque ilusão também é vida
e nada que existe me completa.
Canto porque o instante necessita
e sou tão alegre quanto triste.
Serei poeta?
Onde mora o Amor
(letra na esperança de ser um samba)
Quem sabe do amor, namora.
Quem não sabe sai à procura.
A noite é a casa da aurora,
A casa do amor é a aventura.
O rio é a casa da água,
Da mágua, o coração.
Amor em qualquer canto deságua,
Numa flor ou numa canção.
Em qualquer canto mora o amor,
Num palácio ou num barracão,
Mas debaixo de sete chaves
O amor mora mais não.
A casa da água é o rio,
Do frio, a solidão.
Quem tranca o amor no peito
Faz o ninho perfeito para desilusão.
Mas quem traz o amor para o leito
Navega sem saber direito
Onde vai dar a embarcação.
Quem sabe do amor, namora.
Quem não sabe sai à procura.
A noite é a casa da aurora,
A casa do amor é a aventura.
O rio é a casa da água,
Da mágua, o coração.
Amor em qualquer canto deságua,
Numa flor ou numa canção.
Em qualquer canto mora o amor,
Num palácio ou num barracão,
Mas debaixo de sete chaves
O amor mora mais não.
A casa da água é o rio,
Do frio, a solidão.
Quem tranca o amor no peito
Faz o ninho perfeito para desilusão.
Mas quem traz o amor para o leito
Navega sem saber direito
Onde vai dar a embarcação.
terça-feira, 6 de abril de 2010
Bazar
fonte decoeuracao.com
Benza-me Deus
Meu coração é um bazar
Tudo que vejo e desejo ele quer guardar
Tudo que presta e não presta nele pode encontrar
Do ocre ao acre-doce
De acássias a cassis
De amores e rancores
Promessas, sentimentos vis
Benza-me Deus
Meu coração é um bazar
Tudo que vejo e desejo ele quer guardar
Tudo que presta e não presta nele pode encontrar
Desde luva, fivela, vento,
Vela, flanela, algodão.
Desde calça, calcinha, cinto,
Santo, sapato, alçapão.
Desde tambor, cal e cimento
Casa, cadeira, colchão.
Coisa do tipo esquecimento,
Sofrimento então!
Benza-me Deus
Meu coração é um bazar
Tudo que vejo e desejo ele quer guardar
Tudo que presta e não presta nele pode encontrar
Desde panela, plug, canela,
Tijolo, tigela, latão.
Uma lua de lantejoula,
Um relógio de segunda mão.
Desde enfeite de geladeira
À lembranças impressas no prato.
Desde a alegria de um livro novo
À lembrança num porta retrato.
Benza-me Deus.
segunda-feira, 29 de março de 2010
Sentidos
Açucar do fundo
Mascavo sem fim
Acre pele sal sândalo pêssego
Cheiro que não acaba
Gosto que não termina
Menta manacá avenca
Resquício de sabonete e gasolina
Cheiro que embriaga
Pêlo chuva sexo axila
Fundo que não tem fundo
Sabor que guarda o mundo
Explosão de vida infinda
Azedo amaro manga
Flor no meu nariz
Na minha boca
Na minha alma
Na minha língua...
sexta-feira, 12 de março de 2010
Um poeta
Corta o vazio como cortasse os pulsos,
Rasga-se à caça de si.
Flor aberta a ferro e fogo
a soco e faca.
Muitas vezes encontra o nada.
Mas a sangue quente,
escalavra a palavra, lavra,
escalpela o que sente.
domingo, 31 de janeiro de 2010
Sábado
O sábado cheirava a poliflor e pinho sol.
Escorria espesso na água de espuma liberta do tanque.
A vida corria macia sobre os jornais que cobriam o assoalho, agora encerado.
Depois da janta,
o menino encantava-se com notícias de outras vidas na sala de estar.
O mundo ficava imenso com a casa limpa.
O sábado cheirava a poliflor e pinho sol.
Escorria espesso na água de espuma liberta do tanque.
A vida corria macia sobre os jornais que cobriam o assoalho, agora encerado.
Depois da janta,
o menino encantava-se com notícias de outras vidas na sala de estar.
O mundo ficava imenso com a casa limpa.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
Só
Ser só
Sozinho
Ser sem ninguém
Passarinho solto na tarde infinita
Ser sem seu ninho
Sem saber rumo
Voa desatino
Voa desaprumo
Voa sem destino
Quando a noite cai.
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
O menino e o Poeta
"...Se um dia tudo for embora
resta o menino em sua tela
onde a vida de tão bela
parece pintura
onde a altura do sonho
é abrir a janela
onde eternamente o tempo espera
e a canção infinita
se declara..."
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
Deus
Após dias e dias de intensa chuva e ausência de sol,
ouvia-se a voz de meu avô,
sonora como um trovão
em seu sotaque italiano:
" Levanta geral no tempo"
Minutos depois o céu se abria
e o dia se iluminava sobre a casa amarela.
....Eu pensava que meu avô era Deus.
O rio
O rio vem de longe
trazendo memórias.
No meu peito perde o leito,
sai do curso,
se esquece no mar...
trazendo memórias.
No meu peito perde o leito,
sai do curso,
se esquece no mar...
Mar
Água azul
filha do infinito.
Imensurável verde vem a onda cerzindo o vento.
Quebra na areia
Na planta do pé
Tonteia
Adentra minha'lma atônita.
filha do infinito.
Imensurável verde vem a onda cerzindo o vento.
Quebra na areia
Na planta do pé
Tonteia
Adentra minha'lma atônita.
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Tardinha
A tardinha
Tadinha da tarde no fim do mundo
Morrendo no asfalto
Nos campos secos
Nos prédios
Nos muros altos
Nos morros
Nos sobressaltos
Na solidão das placas
Nas rodas do caminhão.
Morrendo nas vilas, avenidas
Nas veias sentidas do meu coração
Morte lenta invisível
Leve nos braços do vento
Uma pena
No abandono das antenas
e da casa em construção.
Tadinha da tarde
Quase triste, quase bela
Nos silêncios da favela
Na confusão de buzinas
Na fumaça das usinas
Entre meu olhar profundo
E o reluzindo de uma estrela.
Deusa
Deusa, musa
Blusa lese azul turquesa
Escrava, Rainha, divina Princesa
É sonho na janela de Iaiá.
É samba na viola de Ioiô.
E o que será que ela sente
Quando sai detrás dos montes
Pronta pra trabalhar?
Põe a menina pra dormir,
O poeta pra despertar,
Os amantes pra sofrer,
A coruja pra piar,
Faz samba na viola de Iôiô
E sonho na janela de Iáiá.
Passa perfume na dama da noite,
Maré cheia e vazante,
Acende a cidade e a lamparina,
Ensina o lobo uivar.
Seu nome rima com rua,
Às vezes dia
Talvez canoa,
Mas a rima que se apropria,
Com certeza é sempre nua.
E quem ela pensa que engana
Essa louca vadia?
Numa semana está cheia do sol,
Se disfarça de outra, se esconde,
E quando aparece parece um anel.
Solteira ela é de Jorge.
Se casa ela é de mel.
Eterna amada a solitária,
Ninguém pode beijar.
Virou samba na viola de Ioiô,
E sonho na janela de Iaiá.
Blusa lese azul turquesa
Escrava, Rainha, divina Princesa
É sonho na janela de Iaiá.
É samba na viola de Ioiô.
E o que será que ela sente
Quando sai detrás dos montes
Pronta pra trabalhar?
Põe a menina pra dormir,
O poeta pra despertar,
Os amantes pra sofrer,
A coruja pra piar,
Faz samba na viola de Iôiô
E sonho na janela de Iáiá.
Passa perfume na dama da noite,
Maré cheia e vazante,
Acende a cidade e a lamparina,
Ensina o lobo uivar.
Seu nome rima com rua,
Às vezes dia
Talvez canoa,
Mas a rima que se apropria,
Com certeza é sempre nua.
E quem ela pensa que engana
Essa louca vadia?
Numa semana está cheia do sol,
Se disfarça de outra, se esconde,
E quando aparece parece um anel.
Solteira ela é de Jorge.
Se casa ela é de mel.
Eterna amada a solitária,
Ninguém pode beijar.
Virou samba na viola de Ioiô,
E sonho na janela de Iaiá.
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
Pensamento
Passarinho tem esse nome
porque passa no vento
ou porque mora no ninho?
passa depressa num redemoinho
vum pra lá
zum pra cá
o tempo pousa no passarinho
será o que pensa
quando pisa o passeio?
parece pensar nada
voa léguas enquanto cisca.
porque passa no vento
ou porque mora no ninho?
passa depressa num redemoinho
vum pra lá
zum pra cá
o tempo pousa no passarinho
será o que pensa
quando pisa o passeio?
parece pensar nada
voa léguas enquanto cisca.
sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
Pégaso
Cavalo alado
que carrega sonhos
o dorso liso me embriaga
sonho escorrega por não ter pega
e me renega sem compaixão.
Cavalo insano
meu sonho é água-igarapé
égua no cio
um grão no chão,
deixa a tristeza que corro léguas
água corrente no ribeirão.
Bate patas
Mistura mágoas
Bate asas
Asa ilusão.
Pégaso azul
seu caminho é branco
meu destino manco
meu desejo é tanto
seu galope ágil
Mas meu sonho é frágil
e é sempre naufrágio
no meu coração.
que carrega sonhos
o dorso liso me embriaga
sonho escorrega por não ter pega
e me renega sem compaixão.
Cavalo insano
meu sonho é água-igarapé
égua no cio
um grão no chão,
deixa a tristeza que corro léguas
água corrente no ribeirão.
Bate patas
Mistura mágoas
Bate asas
Asa ilusão.
Pégaso azul
seu caminho é branco
meu destino manco
meu desejo é tanto
seu galope ágil
Mas meu sonho é frágil
e é sempre naufrágio
no meu coração.
A Tia
A tia desenhava abelhas
e borboletas coloridas,
arrebentava de sol
o caderno de desenho
no dia chuvoso.
Fazia balas de amêndoa,
arrebentava de doce a boca,
a televisão philco,
a sala de taco.
Quando ela morreu não fiquei triste,
melancólico, só lembrei das balas de amêndoa
e seus poucos prazeres:
Pão com carne de músculo, macarronada,
empadinha de frango.
Não se casou, ao que parece não amou ninguém,
mas sofrera do coração a vida inteira.
e borboletas coloridas,
arrebentava de sol
o caderno de desenho
no dia chuvoso.
Fazia balas de amêndoa,
arrebentava de doce a boca,
a televisão philco,
a sala de taco.
Quando ela morreu não fiquei triste,
melancólico, só lembrei das balas de amêndoa
e seus poucos prazeres:
Pão com carne de músculo, macarronada,
empadinha de frango.
Não se casou, ao que parece não amou ninguém,
mas sofrera do coração a vida inteira.
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