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quarta-feira, 5 de maio de 2010

Destino

Eu vi o Bem e o Mal se beijando numa noite de eclipse total. Não traziam cartas na manga, nem rosa branca na mão. Nem punhal. O Bem não quis matar o mal pela raiz. O Mal nem se importava, se no final, o Bem fosse feliz. O Bem com suas poesias. O Mal com suas prosas. Atracaram-se impávidos.

O Bem com suas luzes. O Mal com seus fantasmas. O Bem não aspirava em ser rei, nem o mal cogitava em governar. Entregaram-se. Como dois amantes naquela noite insana, trocaram olhares e carícias na ânsia de se completar. Riram e falaram besteira até o dia clarear.

De manhãzinha, embevecidos de amor, encontraram com a inveja que vinha a cavalo da bebedeira. E também com uma virtude que saía para rezar. Ouviram risos, cochichos, grito de protesto: _isso é um caso infame, impossível de aceitar.

Então, aturdidos recolheram suas roupas. Fugiram nus. Envergonhados em meio a neblina daquela manhã fria. Nunca mais conversaram. E tudo voltou como era sempre, como era certo. Cada qual no seu lugar.

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